terça-feira, 16 de junho de 2015

HOMEM X COR DE ROSA

Diariamente atendo clientes e parentes de clientes que se recusam a vestir uma peça de roupa cor de rosa, mas não sabem justificar o motivo. Ainda que não saibam, consigo identificar o pré-conceito em vestir determinada cor, talvez motivado pela insegurança de ser o que é ou fatores da sociedade que o rodeia.
Mas afinal, você já parou pra pensar por que meninos usam azul e meninas usam rosa?

Até o século XIX, meninos e meninas eram vestidos igualmente, geralmente um vestido branco. Somente quando chegavam aos 6 ou 7 anos que a diferenciação entre os gêneros aconteciam através de suas vestimentas.

Os motivos eram pelos quais meninos e meninas vestiam-se igual eram coerentes: usando vestidos as fraldas eram bem mais fáceis de serem colocadas e retiradas. Já a cor branca servia para denunciar se a criança estava ou não suja, além de ser mais barato do que os tecidos coloridos.
Vestir as crianças sem distinção de gênero tirava dos pais a necessidade de explicar a elas qualquer dúvida sobre diferenciação sexual, nem mesmo seus gêneros. Por fim, utilizar a mesma roupa para ambos os sexos era possível reutilizá-la em diferentes gerações, fosse menino ou menina.

Por volta do início do século XX as crianças começaram a se vestir com roupas coloridas, não somente pelo aumento do consumo, mas também por conta da maior facilidade de tingimentos industriais, que fez com que roupas coloridas pudessem ser facilmente lavadas sem desbotar. Mas surpreendentemente, ao começarem a utilizar cores, o rosa era a cor do menino e o azul era a cor da menina.
O rosa era a cor dos meninos devido a sua origem mais “quente” e “colérica”, portanto, mais forte e máscula. Já o azul era associado as meninas devido a bondade da Virgem Maria e a tranquilidade do reino dos céus.

A inversão das cores para identificação dos gêneros ocorreu por volta da década de 1940, no período pós-guerra, quando nasceram os baby boomers, mas não existe uma razão considerada conclusiva para esta troca. Embora não se tem certeza, acredita-se que os nazistas foram os responsáveis pelo início dessa nova inversão, pois os gays que eram colocados nos campos de concentração levavam, costurados, um triângulo rosa em suas roupas listradas. Vendo aquilo, os soldados americanos retornaram para seus lares com esta distinção de gênero em suas mentes, onde o rosa não servia mais para o homem e, ao que parece, o mercado encarou esta tendência e começou a direcionar a produção de distinção de gêneros de maneira mais clara e inversa, sendo o azul para meninos e o rosa para meninas.

É interessante notarmos como as percepções de gênero sofreram mudanças com o passar dos anos e ganharam características universais aparentemente equivocadas, como a atribuição da masculinidade exclusivamente aos homens e feminilidade exclusivamente às mulheres. Devido a isso, inserido em um grupo social ignorante, facilmente podemos cair em armadilhas causadas por visões equivocadas que nos induzem ao erro.

“Se você é um homem, você não é uma mulher.”

A afirmação acima está correta. Agora, veja se a frase abaixo faz a mesma afirmação:

“Se você é um homem, você é o oposto de uma mulher.”

Apesar da aparente igualdade no sentido das frases, é importante reparar que diferença não é o mesmo que oposição. Sendo assim, a segunda frase é falsa. Diante disso, chegamos a conclusão de que julgar a masculinidade de uma pessoa de acordo com seu grau oposto de feminilidade é um erro. A masculinidade propriamente dita não tem caráter universal nem biológico, pois trata-se de uma construção social, variando de cultura para cultura. 
A masculinidade nada mais é do que a relação de poder entre um homem e outros seres humanos, sejam eles mulheres ou homens.

Até a próxima!


Nenhum comentário:

Postar um comentário